Na contramão de outros críticos – e das vítimas –, o ator José Wilker elogiou o trabalho da trupe que faz o Pânico na Band e o Pânico no rádio.
“As críticas que ouço ao Pânico são muito preconceituosas, muito mais próximas do desaforo do que da crítica. Isso é entretenimento, entendeu? Entretenimento tem uma importância muito pequena […] não muda o mundo.”.
Embora falar em “importância muito pequena” também possa soar como crítica indireta, pela desvalorização…
Mas, pelo menos, mostrou-se mais tolerante do que as pessoas que patrulham o tradicional formato politicamente incorreto do humor brasileiro.
No fundo, a questão é ambígua, dualista, contraditória: não há como negar que a reafirmação do preconceito pelo humor ajuda na continuidade de uma postura desrespeitosa e invasiva.
Mas é notória a impossibilidade da sociedade estabelecer limites a qualquer forma de crítica pública, pois cada legislador tem o seu próprio conceito sobre a questão.
Um exemplo interessante envolveu outro programa humorístico, o Zorra Total, transmitido toda noite de sábado pela TV Globo.
Em 2011, o quadro de mais sucesso era centrado nos personagens Valéria (Rodrigo Sant´anna) e Janete (Thalita Carauta); esta última, no papel da feiosa que se acha desejada pelos homens, era constantemente vítima de amassos propositais dentro dos trens do metrô. Um assédio sexual.
A tentativa de censura veio através do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), e até da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República que, por carta, pediu à Globo o cancelamento do quadro.
Faltou a sensibilidade tolerante de Wilker ou sobrou interesse em fazer politicagem, em fingir defesa de categorias ofendidas?
Para acesso à curtíssima entrevista de José Wilker, cliqueaqui.
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