Pouco antes do Oscar 2013 assisti ao filme “O Lado Bom da Vida” (“Silver Linings Playbook”, no título original em inglês), considerado sério candidato ao título.
Achei bem-feitinho e agradável, mas muito água-com-açúcar; quase duas horas de um entretenimento que nada acrescenta em termos de cultura.
O personagem de Robert de Niro é um fanático torcedor de futebol americano que foi proibido de assistir aos jogos do seu clube por comportamento agressivo.
Teve uma cena em que ele acompanhou o filho e amigos até o estacionamento mas não tentou entrar no estádio, obedeceu a ordem judicial.
A situação não é nova; no Brasil é adotada, mas – descubro agora – não é obedecida.
A má notícia vem da matéria “Torcedores ignoram lista de banidos da Federação Paulista e vão aos estádios”, publicada no site UOL em 01/03/13, da qual extraio os trechos abaixo:
Ø Medida adotada pela Federação Paulista de Futebol desde 2011 para tentar vetar a presença de torcedores envolvidos em incidentes policiais em jogos de futebol, a lista de banidos nos estádios da entidade já conta com mais de 100 nomes. A ação, entretanto, se mostrou ineficaz, já que as torcidas organizadas ignoram o impedimento e seus associados seguem frequentando jogos normalmente em São Paulo, o que é admitido pela própria Federação Paulista.
Ø “Acontece, a polícia não consegue verificar todo mundo. Ano passado até fui barrado. Foi no clássico contra o Corinthians, eu tinha sido banido, mas tentei ir. O policial me conhecia e sabia que eu estava banido, não deixou. Pra mim é um pouco difícil porque eles me conhecem, mas os outros torcedores não tem como eles saberem”, afirmou Ferreira.
Ø A lista com os nomes dos torcedores vetados é fixada nos portões dos estádios nos dias de jogos do Campeonato Paulista. Segundo a Federação Paulista, se eles forem reconhecidos pela Policia Militar, serão barrados. “Mas não é possível o policial militar que faz a revista checar a documentação de cada torcedor que entra. Sabemos disso”, diz Marinho.
Fatos como esse só aumentam minha decepção com a nossa sociedade.
Leis, normas, ordens judiciais necessitam transmitir medo ou respeito, e para chegar a tanto precisam da força da coerção, do poder e impacto que só a punição eficaz promove.
A lista da FPF foi um golpe de marketing de quem idealizou, conseguiu se promover e ganhou um item no currículo para bradar, mas certamente esconde o fracasso administrativo, a pouca ou nenhuma utilidade da medida.
Se não há como garantir o perfeito funcionamento de uma norma, é melhor não usá-la, melhor deixar tudo como já estava.
Para acesso ao inteiro teor da reportagem do site UOL, cliqueaqui.