O assessor de comunicação não pode exagerar e criar explicações absurdas

Entre as funções de uma assessoria de comunicação social está a de gerenciamento de crises: orientar o cliente nas explicações – transmitidas para a mídia – sobre ocorrências negativas ou até desastrosas.

Mas as explicações precisam ser críveis, verossímeis.

Na madrugada de 28/03/13, “o desabamento de parte do terreno onde ficava o píer da mineradora Anglo American na região portuária de Santana, a cerca de 20 km de Macapá, a capital do Amapá, deixou seis pessoas desaparecidas, informou o Corpo de Bombeiros do estado nesta quinta-feira. O incidente ocorreu por volta de 0h30m, e as causas estão sendo investigadas”. (jornal O Globo, para o texto completo cliqueaqui)

E a matéria do site http://g1.globo.com/, que é a central de notícias da TV Globo na internet, acrescenta a participação da assessoria jornalística: “À TV Amapá, o assessor de imprensa local da mineradora Anglo American Brasil afirmou que o desabamento foi provocado por um fenômeno da natureza. 

Ele afirmou que ‘uma onda grande varreu toda a orla` e que ‘houve um desmoronamento de terra em que foram tragados equipamentos, caminhões e pessoas`.

O Jornal Hoje, telenoticioso de alcance nacional da TV Globo, transcreve o trecho-chave da entrevista: “’ocorreu uma onda que bateu em toda a orla. Essa mesma onda atingiu a margem e aí ocorreu o desmoronamento`, conta Paulo Oliveira, assessor de comunicações da Anglo Ferrous.”.

Mas, na sequência, a reportagem afirma que “algumas testemunhas dizem que na verdade foi o desabamento do porto que provocou a onda, que afundou várias embarcações que estavam ancoradas na área”. O acesso ao inteiro teor é por aqui.

Assisti recentemente a um documentário (creio que do canal de tevê da National Geographic) sobre o tsunami que atingiu o Japão em 11/03/11; a onda gigante criada por um maremoto destruiu prédios e matou cerca de 30 mil pessoas, mas a largura dela envolveu várias cidades ao longo da costa.

Acreditar que uma onda com a mesma força, em área não sujeita a maremotos, atingiu única e exclusivamente um porto particular, bem menor que os portos tradicionais, implica na crença em muita coisa inverossímil.

Mas o assessor está em boa companhia, pois realmente é um absurdo acreditar que a raça humana começou neste planeta (segundo os ufólogos), ou que o assassino de John Kennedy tenha sido mesmo Lee Oswald (os espertos – que se ofendem quando chamados de adeptos da teoria da conspiração – garantem que foi a CIA) ou que a conquista da lua não passou de um filme de Hollywood (a maior parte da população mundial percebeu isso em 1969).

Os grandes cientistas precisam fazer um comitê multidisciplinar para estudar o fenômeno da onda gigante que é capaz de afunilar e escolher alvo.