Homeopatia: ciência ou enganação?

Quando cursei medicina veterinária, na década de 1980, a homeopatia era uma especialidade tão minúscula que era praticamente ignorada nas aulas, mesmo na área de medicina humana.

Já existia, mas os poucos interessados precisavam descobrir informações através de livros ou no contato com outros especialistas.

Na década seguinte a homeopatia se tornou uma especialidade reconhecida e comercialmente poderosa, talvez pelo medo — respeitável, decerto — dos efeitos colaterais causados por grande parte dos remédios alopáticos.

Mas ela se baseia na combinação tímida de doses mínimas do produto ativo com tratamento a longo prazo.

E tem muitos céticos, muita gente que não acredita em sua capacidade curativa.

Baseiam-se, entre outros argumentos, numa circunstância real: os corpos dos mamíferos possuem capacidade de mobilizar processos internos de tratamento e cura.

Sendo o tratamento homeopático um procedimento a longo prazo, fica difícil aferir se a cura foi natural ou produzida pelas suas micro-substâncias.

Para constrangimento e aborrecimento de seus defensores, os céticos já estão se reunindo e se manifestando.

Chegaram ao extremo de transformar o cinco de fevereiro no dia mundial de manifestação contra esta especialidade médica.

Segue a parte inicial de matéria publicada na Folha de São Paulo, intitulada “Manifestantes se reúnem para tomar overdose de remédios homeopáticos em SP”:

Neste sábado, quem passou pela tradicional feirinha de antiguidades da praça Benedito Calixto, em São Paulo, se deparou com um protesto um tanto inusitado: cerca de vinte manifestantes se reuniram para tomar uma overdose de remédios homeopáticos.

O evento faz parte de uma manifestação global que vai ocorrer em outras 79 cidades do mundo inteiro neste fim de semana — uma campanha encabeçada pelo grupo britânico 10:23.

A ideia, segundo os organizadores do movimento, é protestar contra a falta de evidências científicas que demonstrem a eficácia dessas medicações.

Às 10h23 da manhã, pontualmente, os céticos paulistanos entornaram vidros inteiros de remédios homeopáticos. O horário é uma alusão à constante de Avogadro, referência usada na química para calcular quantidades de substâncias.

“Isso é o que eu chamo de suicídio homeopático”, disse um dos manifestantes após sorver todo o seu comprimido. ‘Se eles realmente funcionassem, eu estaria agora caído no chão, com espuma saindo pela boca’.”

Curiosa foi a parte final da matéria, que narrou o encontro deles com um grupo contrário, composto por adeptos:

A terapeuta homeopata Ana Paula Macedo começou a notar que alguns dos céticos apresentavam sinais no corpo de possíveis efeitos colaterais da superdosagem.

“Alguns estão com pontos vermelhos nas faces e estão tomando muita água porque a boca está seca. É um sinal de que está acontecendo alguma coisa”.

O biólogo Yuri Grecco, 32, do grupo de manifestantes, rebate: ‘Dizer isso é de uma desonestidade intelectual tremenda. Eu suo o dia inteiro porque sou obeso e o sol está bem forte’.”

Para acesso à matéria, CliqueAqui (tem até um videozinho filmado no evento, ao melhor estilo da integração texto-imagem).

Em reportagem realizada pela TV Band, apareceu até um pai que levou a filhinha de seis anos para ingerir uma superdosagem de remédios homeopáticos em público.

Ousadia ou irresponsabilidade?

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